Da cozinha ao comedouro

23/02/2021

Almeirão fresco, banana e goiabas maduras, batata-doce cozinhando e pedaços de carne crua na balança compõem o quadro de cores, aromas, texturas, sabores e principalmente os nutrientes que saem da cozinha do hospital veterinário da Cidade da Criança com destino aos comedouros dos animais do zoológico.

 

Por dia mais de 72 refeições diferentes são preparadas para as 35 espécies mantidas sob cuidados humanos no local. Cerca de 200 indivíduos, entre mamíferos, répteis e aves dependem da dedicação da equipe técnica e de tratadores. A alimentação é um dos principais mecanismos para manter saudáveis os animais silvestres e exóticos.

 

Desde o recebimento, passando pelo armazenamento, preparo, distribuição e até como o animal reagiu ao alimento ofertado, todo o processo conta com a supervisão da zootecnista Glenda Rosa Siqueira Santos. “Cada dieta é pensada de acordo com as exigências nutricionais de cada espécie, relacionando com o que ele encontraria na natureza, levando sempre em consideração os alimentos que temos disponíveis fazendo a equiparação nutricional de cada alimento”, explica a profissional responsável pela nutrição do plantel da Cidade da Criança.

 

Os cervos-sambar (Rusa unicolor) são animais herbívoros, que na natureza se alimentam principalmente de folhas, brotos e frutos caídos. “Aqui nós oferecemos ração de bovinos para suprir as necessidades nutricionais, aliada ao feno e algumas frutas e legumes para complementar essa dieta, como cenoura, beterraba e maçã” exemplifica Glenda.

 

Formular a dieta para um morador do zoológico requer, além de tudo, conhecer o histórico dele, o local abriga espécimes oriundos do tráfico de silvestres, vítimas de atropelamentos, alguns nasceram em cativeiro, entre outras origens. “O animal pode ter algumas restrições por estar enfermo, obeso ou muito magro. Indivíduos de mesma espécies possuem necessidades diferentes, seja por conta da idade, se está em fase de gestação ou lactação, as preferências de cada animal e até mesmo as condições climáticas influenciam no cardápio elaborado”, completa Glenda.

 

Antes de chegar ao comedouro dos animais a equipe do setor de nutrição deve ficar atenta à qualidade do que é oferecido. Observar as condições que alimento chega pelo fornecedor, realizar a higienização com solução de hipoclorido de sódio, como é processado, tamanho do corte em relação ao tamanho da boca ou bico do animal.

 

Todos os hortifrutigranjeiros, carnes e rações são adquiridos através de processo licitatório. Assim que o alimento chega ao parque verifica-se o peso, e em seguida são armazenados tanto na sala de rações ou vão para a refrigeração.

 

“Na hora de processar o alimento realizamos a higienização, separamos os verdes, maduros ou que irão para descarte, para posteriormente serem picados de acordo com as necessidades de cada animal. Feito isso, as bandejas são montadas de acordo com o cardápio do dia de cada espécie, depois são separas por setor, colocadas em caixas com tampa com trava, e por fim são transportadas até os recintos, onde são distribuídas pelos tratadores”.

 

Em tempos de pandemia, uma prática comum foi intensificada: a preocupação com a higiene e a proteção individual. Os tratadores que atuam na manipulação de alimentos são orientados a utilizar durante todo o período de trabalho, luvas, botas de PVC, máscaras e toucas para evitar a contaminação dos alimentos dentro da cozinha, e assim garantir o bem-estar de cada animal e dos próprios tratadores.

 

Práticas rígidas buscam garantir a qualidade do alimento e por consequência um bom nível de nutrição aos animais do zoológico, e assim contribuir para saúde dos espécimes.

 

 

 

 

Faça um Comentário




Voltar Topo